sábado, 13 de fevereiro de 2010

Peça revive outros carnavais










Michel Fernandes, especial para o Último Segundo (michelfernandes@superig.com.br)


Musical homenageia Lamartine Babo



Às vésperas de mais um feriado de carnaval, ao assistir o musical Lamartine Babo, texto de Antunes Filho dirigido por Emerson Danesi, em cartaz apenas às quintas-feiras, 19 e 21h, lembramos saudosos da folia de outros tempos, em que reinavam as marchinhas de carnaval.
Esse parece ser o foco de Lamartine Babo, reviver o clima festivo de outros carnavais sem, no entanto, recorrer ao recurso de ambientar o espetáculo em determinada época. Lamartine Babo se situa na atemporalidade, ou seja, os belíssimos figurinos criados por Rosângela Ribeiro podem até sugerir tempos mais remotos, mas, de fato, a banda que ensaia naquela casa abandonada um repertório exclusivo de composições de Lamartine Babo, é atual e, até mesmo, repercute o que a geração do autor deve sentir ao ouvir as tolices do funk e axé music, salvo raras exceções, que servem ao gosto da massa. Não porque a massa se tornou burra e, sim, porque a mídia a faz desconhecedora do legado qualitativo de nossa música popular.
Músicas como Grau Dez, O Teu Cabelo Não Nega, Chegou a Hora da Fogueira, Joujoux e Balangandãs, No Rancho Fundo, Hino do Carnaval Brasileiro, só para citar algumas das inesquecíveis perolas de Lamartine estão arranjadas com preciosismo por Fernanda Maia, quem assina a direção musical com simplicidade e colorido de encontro de vozes que soam no timbre do prazer.





LAMARTINE BABO homenageia compositor de marchinas



O elenco desempenha com verdade, paixão e domínio vocal – que capacita diferentes nuances de ritmo, timbre e expressão -, o que se torna marca dos atores do Centro de Pesquisa Teatral (CPT).
Marcos de Andrade, na pele do misterioso Silveirinha que tudo sabe e tudo conhece da obra de Lamartine Babo adentrando o local de ensaio daquela atípica banda, merece destaque especial pelo desempenho em que, ao mesmo tempo, sentimos entrega de alma e controle de seu instrumental de intérprete.
Um de nossos nomes de maior relevância na senda da encenação, bem como na preparação de atores, Antunes Filho brinca de dramaturgo em Lamartine Babo e traça mais um roteiro singelo em que as músicas são inseridas.
Naturalista, simples e capaz de colocar o espectador no clima de ensaio que parece perseguir. Talvez a revelação final de quem, realmente, é Silveirinha, seja golpe que retira a força da personagem, interessantíssima enquanto mantida sob a névoa do mistério.
O fecho de limpeza e beleza plástica alcançada pelas imagens formadas no espetáculo estão a cargo de Emerson Danesi, cuja linha enxuta e objetiva parecem inspiradas pela condução de Antunes.

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