domingo, 18 de abril de 2010

Policarpo Quaresma levado a sério


Em adaptação do texto de Lima Barreto, o diretor Antunes Filho valoriza as nuances do original
Gilberto Amendola, Jornal da Tarde
Para São Paulo nunca mais ignorar o escritor Lima Barreto. Essa é a força motriz do novo espetáculo de Antunes Filho, Policarpo Quaresma, que estreia hoje no Teatro Anchieta, às 21h. “É incrível, mas quase ninguém conhece Lima Barreto por aqui. As pessoas só costumam falar de Machado de Assis. Daí, eu pergunto? Quem será melhor: Machado ou Lima? Pergunto mas não respondo”, brinca o diretor da peça.Policarpo Quaresma é a adaptação de Antunes para o romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, escrito por Lima, em 1911. O livro, assim como a peça, narra a história de um patriótico funcionário público que sonha em ver o Tupi-Guarani transformar-se na língua oficial do País. Seria a montagem de Antunes uma metáfora relacionada ao Brasil do pré-sal, Copa do Mundo, Olimpíada e crescimento econômico? “Sabe que no início dos ensaios eu até tentei criar um link entre o texto do Lima e essas atualidades?”, conta ele. “Mas, no processo, descobri que não era preciso. O que estava escrito no livro era suficiente. Já era um retrato atual e perfeito da realidade brasileira”.Diferentemente de outras versões de Triste Fim de Policarpo Quaresma, Antunes não transforma a alienação/obsessão do personagem em algo risível ou patético. “Existe essa tendência, essa visão em relação ao Policarpo. O espetáculo tem humor, tem elementos da Comédia Dell’arte, do circo, do Teatro de Revista e das operetas, mas o que me interessa são as tragédias provocadas por essa postura do personagem". A montagem de Policarpo Quaresma é a última parte da trilogia carioca criada por Antunes. O diretor já homenageou Nelson Rodrigues, com o espetáculo A Falecida Vapt-Vupt; e Lamartine Babo, com texto homônimo. “Essa foi a minha homenagem ao Rio e aos cariocas, mas não ao Rio de Janeiro da praia. O meu Rio, o que se encaixa em Lima Barreto, Nelson Rodrigues e Lamartine Babo, é aquele da boemia dos bares”. O Policarpo Quaresma de Antunes, interpretado pelo ator Lee Thalor, tem na figura histórica do Marechal Floriano Peixoto (primeiro vice-presidente e segundo presidente do Brasil, entre 23 de novembro de 1891 e 15 de novembro de 1894) sua principal fonte de inspiração. Durante a temporada da peça, ocorre, no hall do teatro, uma exposição com 20 maquetes criadas por jovens cenógrafos a partir das obras de Lima Barreto.
DIVIRTA-SE
Policarpo Quaresma. Teatro Anchieta: Rua Dr. Vila Nova, 245. 3234-3000.Sex. e sáb., às 21h; e dom, às 19h. Preço: R$ 20.12 anos

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