Por Rogério Guarapiran, integrante do círculo de dramaturgia do CPT
Lima Barreto (1881-1922) foi dos escritores romancistas mais importantes do Brasil pós Machado de Assis e compartilha com este a ascendência humilde e a condição de mulato que implicava grandes preconceitos de uma sociedade distintiva da recente Abolição da escravatura. As semelhanças dos dois literatos acabam aí e Lima segue seu curso tortuoso e impetuoso. De uma natureza confessadamente contestadora não consegue se aliar com planos de resignação que a escalada social e o reconhecimento dos pendores literários lhe exigem. Viveu seu mal-estar na sociedade e acumulou uma série de infortúnios e humilhações. Apadrinhado para poder estudar teve que interromper seu curso acadêmico, instala-se como servidor público e jornalista para sustentar as mazelas de sua família com seu pai louco e inválido. O vício da bebida e os desabafos em forma de romance lhe apareceram como natural saída para seu espírito e as internações no hospício foram a força que tentaram o recolocar na “sociedade normal”.
As múltiplas visões sobre a obra e vida do escritor é um resultado orgânico quando se pensa os variados e desnivelados ambientes da cidade do Rio de Janeiro que ele percorreu observando o máximo de realidade social. A cidade cotidiana é palco de contradições e guerra. Sua obra abrange: “Interiores domésticos burgueses e populares, estabelecimentos de grande e pequeno comércio, cassinos e bancas de jogo do bicho, festas e cerimônias burguesas, cosmopolitas, cívicas e populares, bares, malocas, bordéis, alcovas, pensões baratas, hotéis, frèges, cortiços, favelas, prisões, hospícios, redações, livrarias, confeitarias, interior de navios, trens, automóveis e bondes, zonas rurais, ruas, praias, jardins, teatros, cinemas, estações ferroviárias, pontos de bonde, cais, portos, escolas, academias, clubes, ligas cívicas, casernas, cabarets, cemitérios, circos, teatro de marionete, tribunais e oficinas” (Sevcenko).
Lima sabia embutir a crítica, seu ponto de vista, sem fantasiar seus cenários para agradar o público afeito a amenidades e disfarces. Dos lugares que marcou sua percepção para sempre, as descrições são veementes e outros lugares imaginários são todos derivações do universo cosmopolita que o Rio de Janeiro proporcionava, do concreto que se impunha aviltando as florestas ainda imponentes, compondo um cenário moderno e selvagem envolto de fauna humana rica e contrastante.
As múltiplas visões sobre a obra e vida do escritor é um resultado orgânico quando se pensa os variados e desnivelados ambientes da cidade do Rio de Janeiro que ele percorreu observando o máximo de realidade social. A cidade cotidiana é palco de contradições e guerra. Sua obra abrange: “Interiores domésticos burgueses e populares, estabelecimentos de grande e pequeno comércio, cassinos e bancas de jogo do bicho, festas e cerimônias burguesas, cosmopolitas, cívicas e populares, bares, malocas, bordéis, alcovas, pensões baratas, hotéis, frèges, cortiços, favelas, prisões, hospícios, redações, livrarias, confeitarias, interior de navios, trens, automóveis e bondes, zonas rurais, ruas, praias, jardins, teatros, cinemas, estações ferroviárias, pontos de bonde, cais, portos, escolas, academias, clubes, ligas cívicas, casernas, cabarets, cemitérios, circos, teatro de marionete, tribunais e oficinas” (Sevcenko).
Lima sabia embutir a crítica, seu ponto de vista, sem fantasiar seus cenários para agradar o público afeito a amenidades e disfarces. Dos lugares que marcou sua percepção para sempre, as descrições são veementes e outros lugares imaginários são todos derivações do universo cosmopolita que o Rio de Janeiro proporcionava, do concreto que se impunha aviltando as florestas ainda imponentes, compondo um cenário moderno e selvagem envolto de fauna humana rica e contrastante.
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