quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Hoje é dia de LAMARTINE

Há quem assista e sinta nostalgia de “um tempo que não volta mais”. Há quem assista e sinta saudade de algo que nem mesmo se viveu. Hoje tem LAMARTINE BABO no Espaço CPT/SESC Consolação, às19h e 21h.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Duas últimas semanas de A FALECIDA VAPT-VUPT

Ainda dá tempo de assistir A FALECIDA VAPT-VUPT, que fica em cartaz no Espaço CPT/SESC Consolação até o dia 27/02. A resenha abaixo, escrita por Dilceu Alves Jr. (Veja São Paulo), aponta, de forma suscinta, o enredo da peça e a direção de Antunes Filho.





A FALECIDA VAPT-VUPT


De Nelson Rodrigues (1912-1980). O diretor Antunes Filho ambientou a primeira tragédia carioca do dramaturgo recifense, escrita em 1953, num boteco com pichações nas paredes. Distribuídos entre as mesas, tipos de chinelo de dedo falam sem parar à meia-voz, como figurantes de uma telenovela. Nesse espaço de perpétuo zum-zum-zum, os personagens da trama vêm e vão, e revelam o drama de uma mulher suburbana, recalcada e tuberculosa, que sonha com um enterro de luxo. A história permaneceu intacta e o andamento, com cenas ininterruptas, ganhou concisão — o tal “vapt-vupt”. No elenco, sobressaem as atuações de Bruna Anauate e Lee Thalor.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Peça revive outros carnavais










Michel Fernandes, especial para o Último Segundo (michelfernandes@superig.com.br)


Musical homenageia Lamartine Babo



Às vésperas de mais um feriado de carnaval, ao assistir o musical Lamartine Babo, texto de Antunes Filho dirigido por Emerson Danesi, em cartaz apenas às quintas-feiras, 19 e 21h, lembramos saudosos da folia de outros tempos, em que reinavam as marchinhas de carnaval.
Esse parece ser o foco de Lamartine Babo, reviver o clima festivo de outros carnavais sem, no entanto, recorrer ao recurso de ambientar o espetáculo em determinada época. Lamartine Babo se situa na atemporalidade, ou seja, os belíssimos figurinos criados por Rosângela Ribeiro podem até sugerir tempos mais remotos, mas, de fato, a banda que ensaia naquela casa abandonada um repertório exclusivo de composições de Lamartine Babo, é atual e, até mesmo, repercute o que a geração do autor deve sentir ao ouvir as tolices do funk e axé music, salvo raras exceções, que servem ao gosto da massa. Não porque a massa se tornou burra e, sim, porque a mídia a faz desconhecedora do legado qualitativo de nossa música popular.
Músicas como Grau Dez, O Teu Cabelo Não Nega, Chegou a Hora da Fogueira, Joujoux e Balangandãs, No Rancho Fundo, Hino do Carnaval Brasileiro, só para citar algumas das inesquecíveis perolas de Lamartine estão arranjadas com preciosismo por Fernanda Maia, quem assina a direção musical com simplicidade e colorido de encontro de vozes que soam no timbre do prazer.





LAMARTINE BABO homenageia compositor de marchinas



O elenco desempenha com verdade, paixão e domínio vocal – que capacita diferentes nuances de ritmo, timbre e expressão -, o que se torna marca dos atores do Centro de Pesquisa Teatral (CPT).
Marcos de Andrade, na pele do misterioso Silveirinha que tudo sabe e tudo conhece da obra de Lamartine Babo adentrando o local de ensaio daquela atípica banda, merece destaque especial pelo desempenho em que, ao mesmo tempo, sentimos entrega de alma e controle de seu instrumental de intérprete.
Um de nossos nomes de maior relevância na senda da encenação, bem como na preparação de atores, Antunes Filho brinca de dramaturgo em Lamartine Babo e traça mais um roteiro singelo em que as músicas são inseridas.
Naturalista, simples e capaz de colocar o espectador no clima de ensaio que parece perseguir. Talvez a revelação final de quem, realmente, é Silveirinha, seja golpe que retira a força da personagem, interessantíssima enquanto mantida sob a névoa do mistério.
O fecho de limpeza e beleza plástica alcançada pelas imagens formadas no espetáculo estão a cargo de Emerson Danesi, cuja linha enxuta e objetiva parecem inspiradas pela condução de Antunes.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Uma prévia de POLICARPO QUARESMA



Terceira parte da Trilogia Carioca do CPT, POLICARPO QUARESMA estréia no final de março. Enquanto isso, alguns lampejos da nova peça.






Adaptação teatral da obra de Lima Barreto, Policarpo Quaresma narra os primórdios da República com as principais contradições que fundaram esta complexa sociedade. O amor à pátria do mais significativo anti-herói da Literatura Brasileira leva-o as últimas consequências ao pensar a cultura do seu povo e acreditar no regime político de "ordem e progresso".





[Crédito das fotos: Emídio Luisi]

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

LAMARTINE no Aplauso Brasil



Antunes virou dramaturgo

Maria Lúcia Candeias, especial para o Aplauso Brasil


Antunes Filho escreve musical em homenagem a Lamartine Babo




Consagrado encenador brasileiro, Antunes Filho estreou na dramaturgia com a peça Lamartine e se saiu muito bem. Não foi pesquisar minuciosamente a vida de Lamartine Babo, grande compositor popular (1908/1963) de sucessos eternos como Eu Sonhei que Estavas Tão Linda, O Teu Cabelo Não Nega, Linda Morena, No Rancho Fundo, bem como hinos para campeões do futebol carioca como “uma vez flamengo, flamengo até morrer”. Compôs também para um time gaúcho entre outros. Mas é como sambista e mestre das marchinhas que está enfocado no ótimo texto curto.
Como não poderia deixar de ser, trata-se de um excelente musical com a maior parte do elenco se apresentando em coro e cantando lindamente sob direção de Fernanda Maia. E não é á toa, pois foi ela, juntamente com Zé Henrique da Paula, quem primeiro transformou Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, em teatro musicado.
É imperdível. Mesmo sem a direção de Antunes que confiou a tarefa a Emerson Danesi que deu bem conta do recado. Coisas do CPT (Centro de Pesquisa Teatral do Sesc Consolação) que tem formado bons profissionais.
Vale destacar que todos esses acertos se devem sem dúvidas à impecável interpretação do elenco que traz nos papéis centrais Sad Medeiros, Adriano Bolsch e especialmente Marcos de Andrade que faz um Silverinha (ou seria um Lamartine?) com perfeição.
Aliás, Marcos de Andrade também está arrasando em A Falecida Vapt-Vupt onde aparece com outros ótimos parceiros Geraldo Mário e Lee Thalor. Eles dão vida aos papéis centrais da peça de Nelson Rodrigues que, dirigida por Antunes, se passa num bar, com texto bem curto como indica o nome da montagem.
São duas re-estreias imperdíveis: A Falecida nos finais de semana e Lamartine – que indico com mais entusiasmo – às quintas-feiras.

LAMARTINE, de Antunes Filho, direção de Emerson Danesi. Sesc Consolação. Espaço CPT (70 lug.). R. Dr. Vila Nova, 245, V. Buarque, 11 3234-3000. 60 min. 12 anos. Todas às quintas, 21h. Quanto: R$ 10. Até fevereiro.
A FALECIDA VAPT-VUPT, de Nelson Rodrigues, direção Antunes Filho. (60 min). Espaço CPT (sétimo andar) 70 lugares. Sextas às 21h e sábados às 19h e às 21h. 12 anos. Rua Dr. Vila Nova, 245. Tel: 11 3234-3000.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Do blog do Alberto Guzik

Genial Antunes Filho


Texto publicado no blog "os dias e as horas" no dia 16/01/2010

Fui ontem finalmente ver "A Falecida Vapt Vupt", que Nelson Rodrigues escreveu e Antunes Filho dirigiu. Que eu saiba, esse é o terceiro encontro de Antunes com o texto de Nelson. O primeiro foi há 45 anos, em 1965, numa montagem para a Escola de Arte Dramática que gerou muita polêmica, e da qual eu participei. A segunda foi os anos 80, como parte de "Paraíso Zona Norte". E a terceira é esta, que estreou ano passado e está novamente em cartaz no teatrinho do CPT, no sétimo andar do Sesc Consolação. E o que posso dizer é que Antunes fez uma "Falecida" magnífica, ambientada em um boteco brasileiro. A montagem me fez pensar muito. Estou impressionado com a qualidade do elenco, com as ousadias do diretor no sentido de simplificar a narrativa, de torná-la menos hierática, sem perder nunca a carga trágica e grotesca. Vou escrever mais a respeito desta "Falecida". Porque preciso registrar como sinto as três "Falecidas" antunianas que tive o privilégio de fazer ou de ver. De qualquer forma, aqui já fica a recomendação: não percam essa "Falecida Vapt Vupt". É um trabalho de intensidade, coesão e talento excepcionais.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Trilogia Carioca de Antunes Filho

Por Rogério Guarapiran

O Rio de Janeiro desde 1808, capital do Império, com a chegada da família real protagoniza transformações de costumes na sociedade brasileira de forma relevante. Com a proclamação da República teve seu período de capital federal 1889-1959. O poder político e moral da nação se concentrou naquele espaço urbano nascente e de terreno irregular, centro que marcou profundamente as futuras experiências do nosso regime político ainda vigente. A trilogia carioca de Antunes Filho faz o recorte de momentos decisivos e plurais dessa cidade. As obras encenadas percorrem um sentido inverso na linha do tempo, tratam do cotidiano: a tragédia carioca e suburbana da Falecida (1953), de Nelson Rodrigues. A música popular com o drama-musical sobre Lamartine Babo (1904-1963), texto inédito de Antunes Filho. E o cenário político fica a cargo de Policarpo Quaresma (1911), de Lima Barreto adaptado pelo diretor.
Em Nelson Rodrigues os costumes impudicos e privados veem à tona, através de um casal suburbano. A montagem ágil e dinâmica faz perturbar a percepção, incomoda o olhar ao mesmo tempo que o bom humor prevalece nas concepções e interpretações. Antunes descobriu novamente como não montar Nelson “como se deveria”, mas só como um artista propositor e desafiante.
Lamartine Babo é um divertido musical que trata sobre um dos mais importantes compositores carioca que atuou na chamada Época de Ouro da MPB (anos 30). Na forma de um ensaio musical, faz-se um passeio pela sua obra. Um estranho observador pontua a biografia de Lamartine sem desvendar o mistério de seu domínio sobre o assunto.
Com Lima Barreto, Antunes fecha a trilogia e também abre pela sua importância histórica. O desafio seguido pela adaptação e encenação resulta num grandioso e criterioso trabalho compactuado com toda equipe. Mas nesse sentido do grande épico, cabe genialmente o simples, opções poéticas e maturidade para teatralizar o exame crítico do romancista.
É oferecido ao público, entre uma obra e outra, muitas correlações para se extrair, como a reflexão de que no Rio Antigo foi o nascedouro de várias tendências para nosso modo de vida político, cultural, artístico, com todo a beleza, repúdio, alegria, ódio, riqueza, indiferença, multiplicidade, injustiça. Um sistema complexo de que dá mostras as encenações. Chega a nós de hoje perguntas atualizadas sobre o passado recente do país.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Antunes Filho inova e coordena musical Lamartine babo

Matéria de 6 de Novembro de 2009. O Espetáculo segue temporada às quintas-feiras, às 19h e 21h, no Espaço CPT/SESC Consolação.

Elenco canta marchinhas de Lamartine Babo, como 'Cantores do Rádio', em peça que fala do Brasil

Guilherme Conte, de O Estado de S. Paulo


Peça reforça vocação do grupo de mergulhar na cultura brasileira




SÃO PAULO - É carnaval no Centro de Pesquisa Teatral (CPT). Basta ficar com o ouvido atento para descobrir a intenção do diretor Antunes Filho, autor do texto: homenagear o rei das marchinhas. "Ué, quem não gosta dele?", pergunta, sorridente. É essa alegria declarada a busca de Lamartine
Babo, que estreia na 5ª (12), no Sesc Consolação. Trata-se de um ‘musical dramático’ sobre a história do compositor, conhecido também por hinos de times de futebol. ‘Dramático’, no caso, por ter diálogos. Nada a ver com tristeza.

O espetáculo segue a trilogia carioca, iniciada com ‘A Falecida Vapt-Vupt’ (ainda em cartaz), de Nelson Rodrigues, e que será concluída em março, com uma adaptação de ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’ (já em produção), de Lima Barreto. Nesta segunda parte, você vai ver a história de um conjunto musical que prepara um show sobre Lamartine. É a visita de um curioso senhor e sua sobrinha o pretexto para que o jovem (e afinado) elenco dirigido por Emerson Danesi interprete as marchinhas.

"A ideia é contar a história de forma divertida, como um ‘espetáculo dominical’", diz Antunes. É uma mudança de rumo no CPT, geralmente afeito a temas mais densos. "A gente pensa tanto que precisa de um respiro", brinca.

A peça reforça a vocação do grupo de mergulhar na cultura brasileira, iniciada com a montagem histórica ‘Macunaíma’, em 1978. E representa também a retomada de uma forma mais artesanal de se montar um musical. Muito diferente das superproduções de hoje. De teatro e de Carnaval.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Um Turbilhão de Imagens

Por Natalie Pascoal, atriz do CPT/Grupo Macunaíma

Assim como os textos de Nelson Rodrigues quebram com o entendimento comum da realidade, contendo uma diferente noção de tempo, espaço, causa e efeito e buscando o homem no macro, na sua essência, a encenação de Antunes Filho para a peça “A Falecida” não poderia ser diferente. Ele coloca a vida caótica e entrecortada como o fulcro da estética da peça, que vem como inovação de todos os seus trabalhos já realizados. A proposta traz misturas de tempos e espaços, fazendo com que aos olhos do público se transforme em um verdadeiro holograma, como se fossem folhas de transparências sobrepostas umas nas outras. Personagens dividem o palco sem interagirem: se cruzam e não se olham, falam ao mesmo tempo e não se escutam, uma cena imbrica na outra e como pano de fundo, um bar , assim como um visto nas ruas, cheio de clientes, especialmente em um dia de calor, é mantido em cena durante toda a peça indicando uma teia temporal e espacial. Cada integrante deste bar traz consigo uma história e um caráter não desenvolvido e devidamente exposto, mas que está, de alguma maneira, presente o tempo todo e apenas a indicação destes seres já proporciona à peça um universo de realidades múltiplas convivendo juntas num mesmo espaço, o palco. Em meio a este bar, surgem os ambientes da peça demarcados somente pelas ações das personagens que transitam se destacando do mesmo modo que uma estampa colorida em um tecido preto e branco, podendo ser elas, desta forma, uma representação de todos que nele estão, como se Zulmira, Tuninho, Timbira, fossem uma daquelas pessoas sentadas naquele e em tantos outros bares. Diante de tantas informações sonoras e visuais, o público como expectador, ou até como parte integrante de todo o cenário, terá sua atenção “sacudida” e será levado de um acontecimento ao outro sem que perceba e sem que tenha tempo de análises.
Ao mesmo tempo em que aparentemente tudo se coloca de forma simples e corriqueira, feito apenas com algumas mesas, cadeiras e atores, um turbilhão de imagens, sensações e movimentações ocorre na encenação que aparece como imagem da vida cotidiana onde somos bombardeados por tanta informação: seja na rua, quando estamos andando e milhares de coisas estão acontecendo a nossa volta como um assalto, uma pessoa gargalhando, carros passando, criança chorando; ou, seja em ambientes fechados, onde temos a televisão que é uma fonte de informações rápidas que podem mudar com um simples toque no controle remoto ou por um corte de comercial. Somos rodeados por tantas coisas que não temos tempo de aprender e olhar para nenhuma delas, quando focamos em algo logo somos interrompidos, cortados. Vivemos viciados em um dia-a-dia frenético, percebemos tudo e nada ao mesmo tempo, não se tem mais caminhos a percorrer, não se tem mais tempo nem distância, tudo acontece ao mesmo tempo, tudo está pronto e ao nosso alcance em um “piscar de olhos”. Participamos muitas vezes de ações que não são de vontade própria, que não são nossas, mas sim de interferências que acabam sendo incorporadas e que dão a ilusão de uma autenticidade. Comemos à frente da televisão, falando ao telefone e anotando algo sem perceber que estamos picotando nossa vivência de sensações. A completude de cada momento não existe mais, até mesmo nossos sonhos, nosso poema, são entrecortados e viciados pelo que vivemos, não temos mais espaço para criar e voar em nossa imaginação e nem sentir o que está tão próximo de nós.